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China vai mudar seu sistema de ensino

junho 10, 2010

Em matéria de Any Bourrier, no jornal O Globo de 06/06/10, a China quer adequar a educação ao ritmo de desenvolvimento do país, com mais qualidade e custo menor. Há também outras informações interessantes: taxa de analfabetismo = 0,7% (para uma população de 1 Bilhão e 450 milhões, é pouquíssimo); o ensino fundamental e médio é garantido, a faculdade é a que pesa mais no bolso.

O que me chamou a atenção foi a vontade de equacionar  a educação para o desenvolvimento. No Brasil, já percebemos os gargalos de algumas profissões e mesmo assim, parece que não há uma grande mobilização para rever a estrutura educacional. A única grande mudança, que foi um fracasso este ano, foi a questão do ENEM, proporcionando um acesso mais equilibrado à educação superior. Se queremos crescer (e estamos crescendo a taxas impressionantes), temos que ter uma população que suporte.

Encontrei um texto no site da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, onde seu presidente, Marco Antonio Raupp, discursa sobre a situação da educação brasileira. Discurso feito em maio deste ano. Seguem alguns trechos:

Para o presidente da SBPC, o Brasil apresenta um “imenso déficit na educação básica”, que contempla os níveis de ensino fundamental e médio, e a solução definitiva dos problemas apresenta “duas ordens de desafios”, disse. “Uma, que exige resultados urgentes; outra, que proporcione mudanças estruturais no sistema educacional e que apresente resultados no médio e longo prazo”, explicou.

A primeira ordem de desafios se refere aos “problemas gritantes” do sistema de ensino brasileiro, como a formação de analfabetos funcionais (pessoas que não entendem o que lêem) e a carência de professores, especialmente de ciências. Para Raupp, esses problemas se traduzem em “demandas emergenciais que pedem soluções excepcionais”. Na opinião dele, não basta um regime normal para resolver esses problemas. “Serão necessários esforços redobrados, quebra de paradigmas, superação de condições estabelecidas e até mesmo a criação de uma legislação excepcional”, aspectos que exigiriam “ousadia e doação” dos governantes, dos profissionais da educação e também dos profissionais de outras áreas que seriam chamados a colaborar.

Para o presidente da SBPC, uma vez resolvidos os problemas mais urgentes, existiriam, então, as condições para se desencadear um conjunto de medidas que proporcionassem “mudanças estruturais, sólidas e duradouras no nosso sistema de ensino”, afirmou. Valorização dos cursos de formação de professores, reconhecimento do trabalho docente, aplicação de novas e eficientes metodologias de ensino, recuperação da importância da escola na vida das comunidades – foram itens citados por Raupp para ser contemplados em uma política educacional que “visasse não mais superar vergonhas, mais sim preparar os brasileiros para melhorar o Brasil e para ajudarem a melhorar o mundo”.

Vamos dar atenção às propostas dos candidatos em relação a educação.

Saudações,

DC

A verdadeira educação de que precisamos

maio 20, 2010

Excelente texto de Ethevaldo Siqueira, no site do Estadão.

Educação no Brasil tem sido pouco mais do que um discurso eleitoral e político. Todos os candidatos a presidente da República e a governadores prometem dar-lhe prioridade. O resultado concreto dessas promessas, contudo, tem sido frustrante, pois o Brasil apresenta um dos piores padrões de ensino e educação do planeta.

Passemos ao extremo oposto e positivo da questão. A Finlândia oferece à sua população aquela que é considerada a melhor educação do mundo. Esse nível de excelência alcança tanto a universidade, como o ensino nos níveis médio e primário. Tais resultados decorrem, acima de tudo, da qualidade de seus professores, das instalações de suas escolas, da adequação de seus currículos, do número de horas efetivas de aulas e da seriedade dos processos de avaliação da aprendizagem.

Que bom seria se professores brasileiros pudessem dar um depoimento parecido com este que ouvi de um professor de primeiro grau finlandês: “Como educador, sou bem remunerado, sinto-me integrante da classe média, tenho casa própria, automóvel, sei que terei uma aposentadoria decente e que meus filhos poderão estudar nas melhores escolas. A sociedade me respeita e reconhece o valor de minha contribuição para o futuro das crianças e jovens de meu país.”

Ao visitar a Finlândia no ano passado, minha maior surpresa foi notar que suas escolas não revelam nenhuma paixão especial pelo computador ou pela banda larga. É claro que seus educadores consideram esses recursos tecnológicos importantes, mas afirmam que eles devem ser utilizados na dose certa, no momento exato e de modo correto.

Um dos exemplos desse uso correto é o curso que a escola de nível médio ministra a garotos e adolescentes na Finlândia e em outros países da Europa, para prepará-los para o uso competente do computador e da internet, fornecendo-lhe, ao final, o certificado chamado computer driving license, por analogia com a carteira de habilitação de motorista. Seria muito bom que as crianças brasileiras dispusessem de cursos periódicos semelhantes.

Um laptop por aluno?

Não tenho dúvida de que a maioria das pessoas que defende o projeto de Um Laptop por Criança (OLPC, na sigla em inglês One Laptop Per Child) para o Brasil e outros países emergentes, são pessoas bem-intencionadas e idealistas. Mas basta refletir um pouco mais para se comprovar a fragilidade desse projeto.

Sejamos realistas. A maioria das crianças não poderá levar seu laptop à escola sem correr o risco de assalto no caminho, em especial em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os que conseguirem chegar à escola com a máquina, serão, com certeza, tentados a navegar pelos sites mais inadequados durante as aulas. Nesse caso, o laptop será muito mais um elemento de dispersão da atenção do aluno do que uma boa ferramenta de ensino.

A experiência finlandesa mostra claramente que o computador, quando usado rotineiramente em sala de aula, sem critério, não traz nenhum benefício para a aprendizagem. Pelo contrário, prejudica o aproveitamento escolar do aluno.

É claro que muitas escolas poderão oferecer a seus alunos acesso a terminais de computadores de uma rede local, com recursos audiovisuais e didáticos, para o ensino de geografia, história, matemática, física, química, biologia, literatura e outras matérias, a partir de projetos pedagógicos bem concebidos.

Nesse sentido, seria útil e desejável que os garotos aprendessem a usar em casa alguns aplicativos para a aprendizagem de certas matérias. Conheço pais que usam o Google Earth para ensinar geografia a seus filhos. Ou astronomia com um programa tão atraente quanto o Starry Night (Noite Estrelada). Na escola, esses e muitos outros recursos de software poderiam ser adotados para ilustrar aulas, mas sempre sob estrita orientação do professor.

Não há milagre

Esperar que a simples disponibilidade do computador e da internet de banda larga na escola deflagre uma revolução na qualidade do ensino é mais que ingenuidade. Nenhuma ferramenta ou tecnologia, isoladamente, tem esse dom mágico.

Na verdade, a grande revolução educacional que um país pode realizar é resultado da combinação de um conjunto de fatores tão conhecidos como:

1) investimentos públicos prioritários em educação;

2) melhor formação e atualização do professor;

3) remuneração condigna e a perspectiva de uma carreira atraente ao educador;

4) melhoria constante do ambiente escolar, dando-lhe mais segurança e funcionalidade;

5) especial atenção à saúde e à nutrição dos alunos;

6) atualização permanente dos currículos e do material didático;

7) envolvimento direto da família e da sociedade no problema da educação.

Esse último aspecto me preocupa de modo especial pois a maioria dos pais brasileiros não acompanha de perto a vida de seus filhos na escola, não conhece sequer seus professores, nem sabe o que suas crianças fazem na internet.

No Brasil, vivemos um momento paradoxal. Sem realizar nenhuma reforma em profundidade da educação no País, o governo federal anuncia um projeto no mínimo eleitoreiro: a distribuição de centenas de milhares de laptops e a instalação de terminais de acesso de banda larga à internet em todas as escolas de primeiro e segundo graus do País.

Os resultados efetivos desse projeto para a educação serão quase nulos. Como sempre, a maioria dos políticos e governantes só pensa em obter votos e não está, realmente, interessada nas melhores soluções para o País.

A solução já existe

maio 4, 2010

Página 16 do O Globo de domingo. Matéria que descreve o perfil de Maria Luíza Ferreira do Nascimento, uma catadora de papel que teve seu filho morto. Seria esse mais um caso de assassinato? Não.

Sua vida não é nada fácil. Aos 8 anos já vivia nas ruas vendendo esterco e flores. Pai omisso, teve que assumir uma família de mãe mais sete filhos. Até aqui é apenas mais um exemplo. No entanto ela encontrou seu futuro no lixo. Livros, cadernos, um quadro negro transformaram sua situação em um futuro diferente. Conseguiu colocar seus 4 filhos na faculdade. A primeira passou para farmácia na Federal de Pernambuco, seu filho foi primeiro colocado em biomedicina (estava prestes a ganhar uma bolsa na Inglaterra ). As outras duas filhas foram aprovadas nos vestibulares de publicidade e administração.

Que lição de vida! Ela conseguiu quebrar o círculo vicioso da pobreza, assunto de outra pagina desse blog. Ela é a ultima pessoa da família que vai viver abaixo da linha da pobreza. Que orgulho!

Ela conseguiu isso tudo dentro desse sistema educacional falido que temos hoje. Imagina com um modelo melhor…

O fato é que este post é para homenagear essa mulher e lançar a bola para frente: Como multiplicamos isso?

Um grande abraço a todos.

DC